sábado, 23 de junho de 2012

Suspiro do Vento

"À Espera do Amado DesconhecidoQuem é esta mulher, a sempre triste, que vive no meu coração? Quis conquistá-la mas não consegui. Adornei-a com grinaldas e cantei em seu louvor... Por um momento bailou o sorriso no seu rosto, mas logo se desvaneceu. E disse-me cheia de pena: — A minha alegria não está em ti. Comprei-lhe argolas preciosas, abanei-a com leques recamados de diamantes, deitei-a em cama de oiro ... Bateu as pálpebras como um relâmpago de alegria que logo se apagou. E disse-me cheia de pena: — Não está nessas coisas a minha alegria. Sentei-a num carro de triunfo, e passeei-a por toda a terra. Milhares de corações conquistados caíram humildes a seus pés, e as aclamações reboaram pelo céu... Durante um momento brilhou o orgulho nos seus olhos, mas logo se desfez em lágrimas. E disse cheia de pena: — Não está na vitória a minha alegria.. Perguntei-lhe: — Que queres então? Respondeu-me: — Espero alguém que não sei como se chama. Depois calou-se. E passa os dias a dizer cheia de pena: — Quando virá o amado desconhecido? Quando o conhecerei para sempre? Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera" Tradução de Manuel Simões"

Nenhum comentário:

Postar um comentário