domingo, 26 de fevereiro de 2012

Vento...Atrito com o mar

‎"Só o vento é que sabe versejar: Tem um verso a fluir que é como um rio de ar. E onde a qualquer momento podes embarcar: O que ele está cantando é sempre o teu cantar. Seu grito  é o grito que querias dar. É ele a dança que ias tu dançar. E se acaso quisesses te matar. Te ensinava cantigas de esquecer. Te ensinava cantigas de embalar. E só um segredo ele vem te dizer: - é que o vôo do poema não pode parar." M. Quintana



PS. O vento, este que descasca a pele e acaricia minha alma, mantendo o calor envolta de minha carne, este vento que me possibilitou descobrir algo que não era possível antes. O vento que passou e agora me traz lufadas de ar para que nesse afogar em que me encontro, eu possa de alguma forma que não sabemos explicar, encontrar força para viver. O vento, que é o atrito do mar veio, corroí, contato, experiência e passou, e vem, volta, faz silencio, me invade, acaba, vira brisa, depois tempestade, e lágrimas, minhas, tuas, nossas, e sangue.
Amor, tu és o Vento que adentra meu ar e circula onde havia um coração, pois em meu peito apenas circula o vento, o coração, bate contigo. E cada batida é um dia que se passa desse amor que não se explica.
Vento, obrigada, obrigada por existir em minha vida.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Beijo da Noite

Então, Almitra disse: “Fala-nos do amor.”
E ele ergueu a fronte e olhou para a multidão,
e um silêncio caiu sobre todos, e com uma voz forte, disse:

Quando o amor vos chamar, segui-o,
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;
E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,
Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos;
E quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos
Como o vento devasta o jardim.
Pois, da mesma forma que o amor vos coroa,
Assim ele vos crucifica.
E da mesma forma que contribui para vosso crescimento,
Trabalha para vossa queda.
E da mesma forma que alcança vossa altura
E acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol,
Assim também desce até vossas raízes
E as sacode no seu apego à terra.
Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração.
Ele vos debulha para expor vossa nudez.
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas.
Ele vos mói até a extrema brancura.
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis.
Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma
No pão místico do banquete divino.
Todas essas coisas, o amor operará em vós
Para que conheçais os segredos de vossos corações
E, com esse conhecimento,
Vos convertais no pão místico do banquete divino.
Todavia, se no vosso temor,
Procurardes somente a paz do amor e o gozo do amor,
Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez
E abandonásseis a eira do amor,
Para entrar num mundo sem estações,
Onde rireis, mas não todos os vossos risos,
E chorareis, mas não todas as vossas lágrimas.
O amor nada dá senão de si próprio
E nada recebe senão de si próprio.
O amor não possui, nem se deixa possuir.
Porque o amor basta-se a si mesmo.
Quando um de vós ama, que não diga:
“Deus está no meu coração”,
Mas que diga antes:
"Eu estou no coração de Deus”.
E não imagineis que possais dirigir o curso do amor,
Pois o amor, se vos achar dignos,
Determinará ele próprio o vosso curso.
O amor não tem outro desejo
Senão o de atingir a sua plenitude.
Se, contudo, amardes e precisardes ter desejos,
Sejam estes os vossos desejos:
De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho
Que canta sua melodia para a noite;
De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada;
De ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor
E de sangrardes de boa vontade e com alegria;
De acordardes na aurora com o coração alado
E agradecerdes por um novo dia de amor;
De descansardes ao meio-dia
E meditardes sobre o êxtase do amor;
De voltardes para casa à noite com gratidão;
E de adormecerdes com uma prece no coração para o bem-amado,
E nos lábios uma canção de bem-aventurança.



Amor - Amada

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Vento - quando tu me invade eu fico assim...

"[...]anseio por uma boca que esta longe da minha, desenhada em meu corpo, viva em minha memória. Ela não esta aqui, eu não estou lá, o calor de seu corpo não mais invade meus poros, as curvas sinuosas de sua carne cavam as formas de meu corpo, o gosto de vinho que sai de sua boca guiam minha linha sobre a tua, o cheiro de tua pele me leva a procurar meu coração que bate em teu peito, mas você não esta aqui, eu não estou ai, o tempo passa e meu desejo se transforma em força, depois fraqueza, raiva, tristeza, ate que me viro olho o espelho e só vejo uma linha onde antes eu existia, para onde me leva esta linha? Futuro?” R.D.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Vivendo o presente

"Só por ele, por esse que ainda não veio, te deixo essa grana agora, precisa troco não, pego a minha bolsa e dou a fora já. Está quase amanhecendo, boy. As damas da noite recolhem seu perfume com a luz do dia. Na sombra, sozinhas. envenenam a si próprias com loucas fantasias. Divida essa sua juventude estúpida com a gatinha ali do lado, meu bem. Eu vou embora sozinha. Eu tenho um sonho, eu tenho um destino, e se bater o carro e arrebentar a cara toda saindo daqui. continua tudo certo. Fora da roda, montada na minha loucura. Parada pateta ridícula porra-louca solitária venenosa. Pós-tudo, sabe como? Darkérrima, modernésima, puro simulacro. Dá minha jaqueta, boy, que faz um puta frio lá fora e quando chega essa hora da noite eu me desencanto. Viro outra vez aquilo que sou todo dia, fechada sozinha perdida no meu quarto, longe da roda e de tudo: uma criança assustada."

FONTE: http://opiario.livejournal.com/29560.html